sábado, 30 de outubro de 2010

Stand by me, nobody knows the way it's gonna be.

- Você foi a melhor coisa que me aconteceu na vida.
- E mesmo assim você vai embora?
- O melhor nem sempre é o bastante.
- Devia ser.
- Eu queria passar o resto dos meus dias com você.
- Por que não passa?
- Porque eu não posso, tente me entender.
- Espere meu momento.
- Eu não posso mais esperar.
- Eu não posso ir com você.
- Adeus.

My heart will never be your home.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Fotos na estante


Sem mais nem menos. Sem remédio, sem desculpa. Em horas tortas, horas tímidas, ocultas. Pelas esquinas de olhares indiscretos o nosso amor, amor claro de objeto, sem dor ou crime, amor simples e direto. Entre os pássaros de barro descansando nas estantes. Pelas costas amarelas dessas fotos insinceras, descobri lindas mentiras, tão terríveis quanto belas. Digo o que fazer então, são memórias tão reais do que nunca aconteceu. Desenhei miragens tolas nas margens do seu deserto, e uma verdade impossível só pra ter você por perto. Sem dor ou crime, amor simples e direto, entre os pássaros de barro descansando nas estantes, pelas esquinas ee olhares indiscretos: O nosso amor quebrou feito objeto. Digo o que fazer então, são memórias tão reais do que nunca aconteceu. Desenhei miragens tolas nas margens do seu deserto, e uma verdade impossível só pra ter você por perto.


domingo, 24 de outubro de 2010

Clichê é vida.

Porque falar sobre si mesmo, além de idiota, virou clichê. De qualquer modo, consta abaixo as considerações prévias sobre uma menina que não foge da definição que eu dei para falar sobre si próprio. Há. Até mais.
_____


Uma das pessoas mais esquisitas que eu conheço. Durmo às cinco da manhã e acordo ao meio dia, estudo durante a tarde, assisto aula à noite e passo a madrugada ocupando a cabeça com qualquer besteira. Tenho um senso de humor mais estranho que os meus horários: quanto mais triste eu estiver, mais eu vou sorrir, e quanto mais feliz eu estiver, mais eu vou chorar. Falando em chorar, é algo que eu só faço por coisas banais, não costumo derramar lágrimas por nada sério. Minha conceituação do que é sério também é singular. Mas deixa isso de lado. Meu comportamento? Eu tenho semi-fobia social, ou algo do gênero. Tenho muita dificuldade em falar onde há muita gente me ouvindo e fico vermelha muito fácil. Contudo, faço de tudo para parecer o menos tímida possível, e uso de pequenos comentários nesses casos, só para não ficar calada mesmo. Quando já há um contato maior entre eu e os demais, eu não calo um minuto, tiro o desconto de tudo que deixo de falar em outras ocasiões, fato. Sou desastrada e não tenho coordenação corporal. Isso basta. Gosto de ler, ver filmes, criticar e me juntar com amigos para conversar dos assuntos mais banais aos mais interessantes. Sou completamente apaixonada por música. Acho a cultura da minha região riquíssima e que vale muito a pena ser explorada e/ou analisada. Ah, como uma boa virginiana, eu sempre analiso tudo. Geralmente sou uma pessoa bem controlada, paciente e bem-humorada. Nunca abuse disso, tenho também um lado meio bipolar e posso ser um estresse de vez em quando. Take it easy, não costumo descontar meus estresses nos outros. Não demonstro sentimentos com facilidade e uma amiga costuma dizer que no lugar de um coração eu tenho uma gramática, não duvido que ela esteja certa. No mais, um dia eu mudo... 

Afeto.

"É que você é menina e uma mulher ao mesmo tempo. É uma mistura saudável, muito bonita de se ver. Talvez meio frívola, mas sem ser. Meio infantil, mas super madura. Acho que existem duas Vanessas que coexistem muito bem. Uma é a adolescente como todas outras. Outra é a madura, que nasceu da Vanessa problemática, cheia de dúvidas e nóias. E essa junção te torna totalmente singular, em outras palavras, encantadora."


Dando continuidade às postagens de todas as coisas bonitinhas que eu já recebi. Essa é de 2007 e eu fico impressionada como cabe bem até hoje.


No mais, bom fim de domingo. 

e eu assim tão só, eu preciso aprender a ser só.

sábado, 23 de outubro de 2010

Outro lado.

"Sabe, nem sei se cabe. Eu não sou muito de prender, guardar pra mim. É que eu tava aqui pensando e agora meio que entendo a gente ( como me atrevo a dizer), você é cinema, eu sou vida real, mero espectador, sabe? admirador de tanta arte, esculpida ou guardada. E fica difícil acreditar que eu posso fazer esse roteiro, que já é meio construído, e a personagem tem vida própria... E fico de canto, criando as cenas, cortando algumas (da mente), e admirando a personagem que já tem a vida e a personalidade que eu queria dar, no que ela ouve, escreve, fala e vê. E o fim da história é sempre um, eu daqui fingindo ser grande e caindo em toda besteira de pensamento de menino diante de uma mulher!"



Obrigada, eu amei. :)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Solidão a dois.

Ele trouxe flores para Amélia,
Girassóis.
Ela só viu um plural naquilo:
Giram-sós.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Copo Vazio

É sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar...

Vai. Passa e leva contigo aquele esboço do que poderia vir a se tornar uma esperança, aquela ilusão de que tudo poderia, quem sabe um dia, mudar. Leva embora aquela falsa felicidade que não me traria nada além de posteriores mágoas quando a ficha caísse, quando a máscara caísse, quando eu enfim caísse nesse poço cheio de amargura e de dor. E eu reclamo dessa minha tristeza, que talvez seja tudo que tenha. E reclamo dessa minha previsibilidade, que talvez relate tudo que eu sou. Não encontro a razão de ainda estar aqui e me questiono se há realmente um motivo para tudo isso, ou se esse motivo é preciso. Não quero mais me martirizar com essas dúvidas, por mais que digam que a dúvida é o privilégio dos sábios. Poupo-me desse tipo de sabedoria, essa sabedoria que usurpa minha essência e que me destrói a alma. Sempre foi isso. Destruir. Meu poder, meu dom, minha capacidade mais bem trabalhada, às vezes penso. Tudo que toco se destrói. Tudo que penso passar a amar também se destrói. Penso se o problema é em mim, deve ser. Pode ser que eu demore demais para buscar o que realmente importa, o que contradiz que nada realmente importa. Estou na vida a passeio. Não, passeio não. Estou na vida a castigo. Cumprindo uma pena qualquer por um crime que eu nem devo ter cometido, eis a única explicação para essa sensação de injustiça que eu guardo aqui dentro. E grita, grita tão alto que me doem os ouvidos só de ter que escutar. Cada célula do meu corpo grita desesperadamente por salvação. Por um fim. Por alguma outra coisa qualquer que ultrapasse meu conhecimento descobrir o que é. Quero ir embora. Para onde, não sei. Quero sofrer, me decepcionar, quero ter motivo para tudo isso. A única coisa que eu não quero mais é levar essa vida de Homem de Lata, eu quero ter um coração. Por que eu sou assim, Meu Deus? Queria que as pessoas ainda conseguissem me assustar, porém a única pessoa que me assusta sou eu mesma. E nem sei se eu sou normal. Minto, eu sei, é uma das poucas certezas que tenho, a de que não sou normal. Queria conseguir chorar agora. Mas tudo é tão esperado, tão premeditado, por mais que não devesse parecer. Eu tenho uma imunidade tão forte a tudo que é externo. Nada consegue adentrar, impressionante. Só há o dentro pra fora, nunca o fora pra dentro. E o que sai de mim nem sai tanto assim, vai ficando um pouquinho mais em casa tecido, vai filtrando toda essa sujeira e eu uso do eufemismo em cada uma de minhas palavras, o que há aqui dentro é vergonhoso demais para ser dissertado. Tenho vergonha de mim, sim. Tenho vergonha de não conseguir me comover com fatos que levariam outrem à loucura, vergonha de ter desistido de encontrar uma pessoa como eu, que eu pudesse me identificar e conversar abertamente, sem medo de ser repreendida por olhares maldosos ou amedrontados. Estranho, isso de por medo e pena nas pessoas. Eu sei que me resumo a isso. Se eu alguém me conhecesse de verdade só poderia ter um desses dois sentimentos de mim, não causo outra coisa. Não transmito paz, amor, ódio, que seja. Só medo e pena. Ou você me acha tão medíocre ao ponto de nem sequer querer me ajudar, ou tão fria ao ponto de não achar que sou digna de confiança. E não sou mesmo. Sou falsa. Falsa, superficial, fria, frívola... Depois disso tudo, sou apenas uma menina com medo e sozinha, que não tem um alguém a quem possa abraçar e pedir que ascenda a luz para libertar-se da escuridão. Minha ferida é mais profunda. Ah, leva também essas cicatrizes. Não as esqueça, por favor. Leva não só as cicatrizes, mas também esses cortes feitos há pouco, muitos ainda sangrando e cada um desses pequenos arranhões. Foram estes, os pequenos, que ao se acumularem transformaram-me no que sou agora. E por trás desse rosto por vezes sorridente há algo tão obscuro. Por trás da face de menininha sofrida há um outro lado tão indiscutivelmente oposto. Tantas marcas. Tanto passado no presente. Tá tudo errado, fora do lugar. Não queria desistir tão cedo, tarde demais. Eu desisti faz tempo e só agora percebi, já que estava ocupada demais maquiando essas cicatrizes para que ninguém de fora fosse capaz de entrar em meu mundo, ou notar que eu tenho um mundo, para que ninguém fosse capaz de ver que eu tenho problemas. Muitos. Intensos. Mas tristeza enrustida e sem motivo é só mais um desses males da classe média, não canso de dizer. Eu tenho tudo, e essa idéia me cansa. Não há pelo que lutar. Não aceito ter que preencher minha mente com coisas tão banais. Eu sou tão banal. Há um vazio que ultrapassa os limites do meu corpo e se expandem a dois metros quadrados de onde eu esteja. O fato é outro, não há medida nesse mundo que discorra fielmente sobre esse vazio, vai além de dois metros quadrados, vai além dessa cidade, desse país, desse universo. Esse vazio é quem me cega e me segue, fazendo de mim cada vez mais incerta e contraditória. Então leva também, leva contigo também esse vazio, essa ausência, esse silêncio. Põe um carnaval dentro de mim, arranca essa dor e quando voltar me traga paz.

É sempre bom lembrar, que o ar vazio de um rosto sombrio está cheio de dor. 

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Alice, não escreva aquela carta de amor.

Todo mundo sabe de alguma coisa que eu não sei, de um filme que eu não vi, de uma aula que eu faltei. Por mais que eu tente, eu nunca chego no horário, e eu perco tudo que ponho no armário. 

Tudo atrapalha o que eu faço, mas para os outros parece tão fácil.

A fila que eu escolho vai sempre andar mais devagar e o troco acaba bem na hora em que eu vou pagar, se eu me distraio um único instante, pode apostar: eu perco o mais importante.

Tudo atrapalha o que eu faço, mas para os outros parece tãããão fácil.

Os vizinho devem rir por trás do jornal. Eu desconfio de um complô, o maior que já se armou, uma conspiração internacional.




sábado, 16 de outubro de 2010

KAS KAS KAS

- E aí, de quem a gente vai falar mal hoje?
                É sempre como começa, embora não se precise dessa frase inicial para se executar a ação. Justamente isso que diferencia. Em geral, quando as pessoas pretendem falar mal de outras, fazem isso de forma discreta até mesmo entre si. São as piores! Essas que enrustem sua maldade fingindo diálogos inocentes e comentários ao acaso. Nós não, somos autênticos. Corrigindo: autênticos e muitíssimo mal intencionados depois das dez da noite.
- Sinto que ao chegar em casa irei observar o eclipse lunar.
                Eis o ápice da crueldade humana! Codificar o falatório para que este possa ser mencionado diante às vítimas. Pobres vítimas, ainda usam do diminutivo e ainda mantêm sorrisos largos ao nos dirigir as palavras. Merecem.  Já que não somos como os piores e não escondemos, de fato, o que falamos. Se as vítimas são burras ou lentas, a culpa já não é nossa. Deviam nos agradecer por ainda falarmos na frente, mesmo que por códigos. Para bom entendedor meia palavra deveria bastar, nunca se sabe...
- Você é uma tábua de fojo.
                Daí que surge toda a teoria e todos os questionamentos possíveis. Antes de qualquer coisa eu reflito com os meus botões: não seriam as mulheres que adquiriram a fama por gostar de falarem umas das outras? Andando com meninos, a vida me ensinou que nem sempre as coisas são como no papel. Na prática, não há nada melhor do que quatro amigos de línguas afiadas para tricotar a vida alheia.
- Tábua de fojo?
                O melhor de tudo é o orgulho. A felicidade estampada na cara por ser reconhecida “regionalmente” pela falsidade. Dá até vontade de rir só de imaginar que situação contraditória, para não dizer cômica. Já que entre si, provamos o quão sinceros um com o outro somos.
- Você não sabe o que é uma tábua de fojo?
                Explicações impagáveis. E eu definirei para vocês, meus queridos leitores que também desconhecem o termo, o que seria uma tábua de fojo. Nossa região é repleta de animais não tão famosos em outros locais, muito embora o animal em questão exista em toda a América Latina. Qual seria o animal? O preá.
- Sabe um rato? É só quando o rato passar alguém cortar o rabo: ta aí o preá.*
- Não, não, não, não, não! Ficou louco? O preá é a miniatura de uma capivara.**
- Vocês não sabem é de nada, o rato tem o focinho muito alongado, não é um preá. (ou seria o inverso, meninos?) ***
                Dando continuidade à história. Segundo o Wikipédia, é aparentado do porquinho da índia, na íntegra:
O preá  é um roedor de ampla distribuição na América do Sul, do gênero Cavia, família dos caviídeos. Mede cerca de 25 cm de comprimento. Possuem pelagem cinzenta, corpo robusto, patas e orelhas curtas, incisivos brancos e cauda ausente. Também é conhecido pelo nome de bengo. É aparentado com o porquinho-da-índia.
                Deixando o Préa, peça fundamental, de lado por um tempo, temos que a tábua de fojo é uma espécie de armadilha utilizada no Nordeste para prender esses pequenos roedores. Consiste em um buraco na terra, onde se é posto uma lata de querosene ou óleo e sob esta lata vão colocar um pedaço de tábua estrategicamente posicionada. Quando o animal passar distraído por cima da tábua, cairá dentro da lata e a tábua cobrirá sua passagem, impossibilitando a saída. Em resumo: a tábua de fojo é um caminho falso que  ludibria animais inocentes.
                O que seria mais cruel, além de codificar conversas, do que enganar pessoas inocentes a acreditar na sua própria inocência? Acredito que nada. E acabo de me recordar que sim, há algo ainda mais doentio do que isso, o que seria? Se orgulhar da própria falsidade e fazer disso assunto posto em pauta nas saídas das sextas à noite.
                Finalizo dizendo apenas uma coisa: sou fã de vocês, estão me ensinando direitinho a não prestar, minhas fontes inspiradoras. Parabéns! 

Referências:
* E., Kaz.
** DA VAN, T.
*** MANOBRADO, N.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Não pense que a cabeça aguenta se você parar.

Would you still love me tomorrow?

Por favor, não leve a mal. 
Eu só quero que você me queira, não leve a mal.


- Você ainda me ama?


- Você sabe.
- Não venha discutir comigo o que eu sei ou não, responda a minha pergunta.
- Isso não foi uma tentativa de discussão, só não quis repetir algo óbvio.
- Acho que o óbvio é que você não me ama mais.
- Você sabe que não.
- Já falei que eu sei o que sei. Você quis dizer que não me ama ou que não é óbvio que não me ama?
- O que?
- É?
- É o que?
- É isso mesmo. Simples e prático: Você ainda me ama ou não.
- Amo. Claro.
- Não, não é claro.
- Claro que é claro.
- Se fosse verdade, seria algo óbvio.
- É algo óbvio.
- Não, não é! Se fosse óbvio, eu não teria dúvidas.
- Você não tem motivos para dúvidas.
- Você não conhece o meu universo.
- Então me deixe conhecer.
(...)
- Não é assim, amor.
- O que há de errado nisso?
- Justamente isso.
- Não é assim o amor.
- Exatamente isso.
- Isso o que?
- Você.
- Eu que estou errado?
- Não, é, sei lá.
- Você quer me culpar.
- Não.
- Eu não perguntei, afirmei.
- É justamente isso.
- Não agüento mais.
- Por que você é assim?
- Você quer que eu mude?
- Não dá mais.
- É o fim?
- Não. Falei que não dava mais para mudar.
- Por que não daria?
- Porque a gente é assim, porque é tarde demais.
- Nunca é tarde demais.
- Agora é.
(...)
- Me beija?
- Não.
(...)
- Pára com isso, Paulo!
- Parar com o que?
- Com essa ânsia de tentar resolver as coisas assim.
- Assim como?
- Com um beijo.
- O que há de errado em eu querer te beijar?
- O errado não é você querer me beijar, é você querer que um beijo resolva toda uma crise.
- Eu só quis ser carinhoso.
- Esse é o problema.
- Eu sou o problema?
- Não, você é o erro.
- Como assim?
- Você é o meu erro, eu devia saber que não era certo.
- Você não gosta mais de mim.
- Eu te amo.
- Não é o que parece.
- É a verdade.
- Nós dois sabemos que não é.
- Eu te amo.
- Pára com isso, Ananda!
- Com o que?
- Um “eu te amo” não resolve nada.
- Foi sincero.
- Meu beijo também era.
- Vai ser assim agora?
- Assim como?
- Vamos ficar medindo forças até o amanhecer?
- Até você achar que devemos.
(...)
- É isso.
- Isso o que?
- Sempre vai ser minha culpa, cada minuto de briga vai ser minha culpa.
- Hã?
- Por que você não põe um ponto final nisso de uma vez?
- Na briga ou na gente?
- No que você preferir.
- Não é assim.
- E como é então?
- Essa não é uma decisão que eu deva tomar sozinho.
(...)
- Vá embora.
- O que?
- Cansei.
- De mim?
- Disso tudo. Cansei.
- Então era isso.
- Você esteve esse tempo todo esperando a oportunidade de falar que não me ama.
- Eu te amo.
- Então por que tu me mandas embora?
- Porque eu cansei de sofrer com você, por você.
- Sem mim e por outrem é melhor opção?
- Poupe-me.
- Vá embora.
- Essa casa é minha.
- Essa casa é nossa.
- Vá embora, por favor.
- Vamos juntos.
- Não, já chega!
- Eu não vou a lugar nenhum sem você.
- Você vai sair dessa casa agora e não vai mais aparecer na minha frente.
- Eu saio ao seu lado. Só assim.
- Então fica, amor.
- Você quer que eu vá ou que eu fique?
- Eu quero que você me ame.
- Eu te amo, porra!
- Assim?
- Hã?
- Esse é todo o seu amor?
- Todo o meu amor é seu.
- Foi meu?
- É seu.
- Eu não quero mais o seu amor falso.
- Eu não quero mais ter que agüentar isso.
(...)
- Me dá um beijo.
- Certo.
(...)
- Você ainda me ama?
- Isso é algo que não muda.
- Ama ou não?
- Amo. Sempre.
- Melhor assim.

... e algum veneno anti-monotonia.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ponha mais Sol no seu Inverno

Don't you think we can work it out tonight?

- Ela é incrível. Há meia hora que eu estou atônito e com uma expressão de encantamento no rosto, só observando-a falar. É como se fosse um romance de filme, um amor à primeira vista, um... sei lá o que.
- Ele é um idiota. Há meia hora que eu falo sem parar esperando alguma reação, e ele reage como se não me ouvisse, além do mais, ele desfoca o olhar do meu rosto para os meus seios dez vezes por minuto. Estou com uma vontade imensa de sair correndo daqui e deixar esse babaca sozinho. Se bem que, de acordo com o que observo, para ele não faria a mínima diferença.
- Ela não é como as outras. Tem um jeito interessante de por o cabelo atrás da orelha e poucos segundos depois tirá-lo de lá, como quem não sabe bem o que fazer. Fala pelos cotovelos e não me dá nem sequer o direito de responder; ela mesmo fala, ela mesmo responde. Mas é até melhor assim, acho engraçado e bonitinho, ela fala engraçado e bonitinho.
- Ele é igual aos outros. Do mesmo jeito de todos aqueles sacanas, aqueles canalhas que conhecem uma garota num quiosque de uma praia, a chamam para tomar uma água de coco e já ficam imaginando coisas erradas a respeito dela. Deprimente. Não sei por que ainda estou perdendo o meu tempo, acho que só por preguiça de ir embora.
- A cada fração de segundo que eu passo ao lado dela, eu imagino um universo de coisas que nós poderíamos fazer juntos. Voltar à praia, surfar, correr, brincar de alguma coisa ou não brincar de nada, só ficarmos um ao lado do outro sentindo o vento nos cabelos e o cheiro do mar. E tento desfazer esses pensamentos antes mesmo que ela possa perceber que eu estava pensando em algo.
- É estranho e estressante. Mais parece um monólogo! Seu rosto tem uma expressão distante e às vezes sorri, como se estivesse lembrando algo completamente aquém daquilo que acontece aqui e agora.  Dói nos meus nervos. Por que eu ainda estou aqui?
- Ao passo que o tempo vai passando, eu fico com medo de que ela se levante e simplesmente vá embora, e que nós nunca mais nos vejamos na vida. Um medo de continuar atônito até lá e não tomar a iniciativa de pedir seu telefone, de dizer que foi um prazer, de que queria vê-la de novo. Não quero que ela vá, não posso deixá-la ir.
- Meu Deus, por que ele não vai embora antes? Isso facilitaria muito a minha vida. Do jeito que sou, sairia derrubando todas as cadeiras que se pusessem à minha frente quando fosse dar o fora daqui. Sim, sou tímida e desastrada. Talvez por isso eu fale tanto quando encontro alguém, para tentar disfarçar isso. Em vão. Qualquer pessoa com mais de dois neurônios pode notar que essa minha tentativa frustrada só me deixa cada vez mais parecida com uma perturbada mental.
- Agora, é, vou pedir agora. Já está na hora de eu falar algo, mas tudo que ela diz é tão interessante e ela está tão empolgada que eu tenho vergonha de atrapalhar. É. Sou tímido e um desastre completo. Tenho certeza que vou estragar tudo assim que abrir a boca, sempre falo  a coisa errada e no momento mais inoportuno, vou continuar procurando uma maneira de falar que gostei dela.
- Estou entrando em pânico! Minha quota de frases feitas para a primeira conversa com alguém já está se acabando, e não sei como: eu estou extremamente interessada nesse rapaz. Quando falei que era tímida e desastrada, esqueci de avisar que sou louca também. Ele deve ser mais ou menos da minha idade, embora pareça mais sério e cheio de responsabilidades do que eu. Não falou praticamente nada desde que nos sentamos aqui e tem um jeito tão misterioso. São os piores, estes, os charmosos. Os que só querem ludibriar moças ingênuas como eu. Eu PRECISO ir embora.
(...)
- Mari...
- Ane. Todo mundo chama Mariana, mas é Mariane, ok?
(tá, ela conseguiu me deixar ainda mais sem jeito agora.)
- É, então, Mariane, eu devo ir, tenho trabalho daqui a pouco.
- Certinho.
(não me reconheci, senti uma vontade enorme de pedir ao Pablo que ficasse, insensatez!)
- Olha... Assim... Não me leve a mal, desculpe se for muita ousadia da minha parte, mas é que eu queria saber se você podia me passar seu telefone ou se a gente podia...
- Eu não tenho telefone.
(Caramba, por que eu não conseguia deixar com que ele terminasse ao menos uma frase?)
- Desculpa, não quis ser chato.
(Só agora eu vi que minha resposta pareceu um fora, ooooh my Gosh! Um fora implícito num cara charmoso, bonito, calado, provavelmente bem sucedido e que eu estou interessada até o último fio de cabelo. Não consigo mais entender qual dos meus pensamentos é o mais desconexo.)
- Vou embora também, você era a única coisa que me prendia aqui.
- Não sei se isso é um motivo de eu me sentir lisonjeado ou culpado...
- Não sinta nada, apenas venha comigo.
- Para onde?
- Não sei. Acho que você já deve ter notado que eu sou impulsiva. E nesse exato momento há um impulso muito forte dentro de mim, que me manda ir para qualquer lugar, desde que você vá comigo.
- Você é fantástica.
- Você é um mentiroso.
- Acho que esse impulso é contagioso.
- Então fica comigo.
- Aqui?
- Aonde você preferir.
- Então fica comigo.
- Já chamei primeiro.
- Não digo num lugar, e sim num momento.
- Hã?
- É.
- O que?
- Fica comigo pra sempre.
- Isso é uma afirmação?
- Isso é um pedido.
- A gente se conhece há no máximo uma hora.
- Eu soube que era você desde o primeiro minuto.
- Fico. 

________________________________________________

Indico que ouça Donavon Frankenreiter ou Jack Johnson agora, ou os dois, vai saber. :)

Até mais.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

City of blinding lights

Virgem, ascendente em peixes e com a lua transitando na casa 6.




                E não há mais nenhuma glória, nenhum vestígio daquele amor, nem nenhum herói que eu possa pedir que me socorra. A única coisa que ainda existe aqui dentro é a dúvida acerca de você realmente ser esse poço vazio e frio, e o que fez com que eu me atirasse aí dentro: foi só amor ou medo de ficar sozinha outra vez? Tenho colecionado cada vez mais desilusões. Você é uma delas. Fico imaginando como seria se eu tivesse uma forma diferente de encarar as coisas, conseguiria ser pior. Tenho a sorte de não desenvolver expectativas, de esperar acontecer, de enganar essa ânsia de um Amor Para A Vida Toda e mesmo assim ando cada vez mais triste. Devo aprender a não acreditar nem na realidade que vejo, porque as coisas se transformam numa velocidade incrível, vê só? O que eu digo agora talvez nem condiga mais com o que eu disse no começo. E isso está ficando cada vez mais confuso, e eu estou ficando cada vez mais confusa. Problemática, trancada, cheia de paranóias e com medo de viver. Uma sensação estranha de que não posso demonstrar ou até mesmo desenvolver afeto, seja lá por quem for, e isso me cansa. Cansa também isso de eu viver me cansando de tudo e nesse momento estou tão cansada que não consigo descrever em minúcias o que é realmente isso. Se é que eu sei. Também não sei se sei. Dá uma vontade de gritar, de correr ou de encontrar alguém no meio da rua e abraçar forte essa pessoa, quem sabe por pensar que um desconhecido qualquer seria a única pessoa capaz de me entender, a única pessoa capaz de se sentir como eu me sinto e talvez ele também passe por tudo que eu passo e eu penso nisso todos os dias da janela do meu apartamento e olho por detrás do vidro dessa janela à noite e vejo esse mundo de luzes acesas na cidade e me pergunto se alguém em alguma daquelas janelas sente isso também. Se não sente, pelo menos se pensa nisso também. Tá me entendendo? Se pensa que em alguma daquelas janelas e luzes que ela deve enxergar da SUA janela existe alguém que passa e sente pelo menos que ela. Mas é tão difícil saber, gritar tão alto que todos possam ouvir e alguém apareça com a resposta. E no começo nem era essa resposta que eu buscava, Meu Deus, aonde eu vou parar? Não confio mais em mim. Acho que já me perdi faz tempo e o que é isso, afinal? Por favor, seja lá quem você for, nunca acredite quando eu disser que te amo ou que preciso de você. A única coisa que eu realmente amo e preciso é de mim, mas há tempos que não consigo me encontrar e bater aquele velho papo cabeça com cada neurônio que ainda me resta. Cada neurônio que ainda não foi morto pelo álcool ou pelas poucas horas de sono, por todas essas noites mal-dormidas e todos esses sonhos mal-sonhados. Por toda essa vida mal-vivida e por todos esses sentimentos mal-sentidos, ou até não-sentidos. E como meu coração está quebrado, resumindo-se a farelos impossíveis de serem colados, um vidro blindado que agora mais parece areia. Como uma boa virginiana que sou, não consigo entender também como pude deixar as coisas fugirem do meu controle da maneira que fugiram. É como eu vinha pensando hoje enquanto caminhava: não devemos abrir nossos olhos para o que acontece à nossa volta a tempo, e sim antes de todo e qualquer acontecimento pensar em vir a acontecer. Esta é a única forma de prevenir esses calos, esses cortes e todas essas cicatrizes que nunca vão me abandonar. E toda essa dor aqui dentro e essa vontade de sumir e essa necessidade de chorar no ombro de outrem e a única coisa que está ao alcance das minhas lágrimas é aquele velho travesseiro com cheiro de mofo. Meu corpo fede a guardado, a abandono, a tristeza. Às vezes eu sem querer passo a mão próxima ao rosto para ajeitar o cabelo que cobre os meus olhos e consigo sentir aquele cheiro forte de naftalina. Então, não sei se por lembrança, por fraqueza ou por rancor: eu choro. Sempre um choro intenso e desesperado, mas que ninguém percebe e eu levo os meus dias esperando ser notada. Esperar é algo sempre muito cansativo. Principalmente quando você deveria estar no auge da vida e repara que sua vida há muito acabou e você deixou-a passar por você, sem nem ao menos acenar em despedida. Um aperto forte no peito, uma dor forte (de cabeça ou de cotovelo) e um nó na garganta. Hora de engolir, o show continua e mesmo que eu seja minha única platéia, como uma boa virginiana preso pela pontualidade. Pela pontualidade, pelo perfeccionismo, pela organização... e talvez por isso eu esteja cada vez mais sozinha e incompreendida. Criando uma dessas doenças da Classe-Média Trabalhadora Vitimada Pelos Males do Século. Oh, destino cruel! Oh, drama de novela mexicana. Queria ao menos me levar a sério. A melhor coisa que eu faço é tomar aquele velho banho de água gelada, pintar esse rosto que eu gosto e que é só meu e persistir na minha espera. Cansei. 

domingo, 3 de outubro de 2010

Merecidamente.

O Brasileiro,



Brasileiro é um povo solidário.
Mentira. Brasileiro é babaca.
Eleger para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari, só porque tem uma história de vida sofrida; pagar 40% de sua renda em tributos e ainda dar esmola para pobre na rua ao invés de cobrar do governo uma solução para pobreza; aceitar que ONG’s de direitos humanos fiquem dando pitaco na forma como tratamos nossa criminalidade; Não protestar cada vez que o governo compra colchões para presidiários que queimaram os deles de propósito, não é coisa de gente solidária. É coisa de gente otária.
Brasileiro é um povo alegre.
Mentira.Brasileiro é bobalhão.
Fazer piadinha com as imundícies que acompanhamos todo dia é o mesmo que tomar bofetada na cara e dar risada. Depois de um massacre que durou quatro dias em São Paulo, ouvir o José Simão fazer piadinha a respeito e achar graça, é o mesmo que contar piada no enterro do pai.
Brasileiro tem um sério problema. Quando surge um escândalo, ao invés de protestar e tomar providências como cidadão, ri feito bobo.
Brasileiro é um povo trabalhador.
Mentira. Brasileiro é vagabundo por excelência.
O brasileiro tenta se enganar, fingindo que os políticos que ocupam cargos públicos no país, surgiram de Marte e pousaram em seus cargos, quando na verdade, são oriundos do povo. O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado receber 20 mil por mês, para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da semana, também sente inveja e sabe – lá no fundo – que se estivesse no lugar dele faria o mesmo.
Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada e não aproveita isso para alavancar sua vida (realidade da brutal maioria dos beneficiários do bolsa família) não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo.
Brasileiro é um povo honesto.
Mentira. Já foi; hoje é uma qualidade em baixa.
Se você oferecer 50 Euros a um policial europeu para ele não te autuar, provavelmente irá preso. Não por medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas. O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.
90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora.
Mentira. Já foi.
Historicamente, as favelas se iniciaram nos morros cariocas quando os negros e mulatos retornando da Guerra do Paraguai ali se instalaram. Naquela época quem morava lá era gente honesta, que não tinha outra alternativa e não concordava com o crime.
Hoje a realidade é diferente.
Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como ‘aviãozinho’ do tráfico para ganhar uma grana legal.
Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3 mas não milhares de pessoas. Além disso, cooperariam com a polícia na identificação de criminosos, inibindo-os de montar suas bases de operação nas favelas.
O Brasil é um pais democrático.
Mentira. Num país democrático a vontade da maioria é Lei.
A maioria do povo acha que bandido bom é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros, foi executado friamente. Num país onde todos tem direitos mas ninguém tem obrigações, não existe democracia e sim, anarquia. Num país em que a maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta, não existe democracia, mas um simulacro hipócrita.
Se tirarmos o pano do politicamente correto, veremos que vivemos numa sociedade feudal: um rei que detém o poder central (presidente e suas MPs) seguido de duques, condes, arquiduques e senhores feudais (ministros, senadores, deputados, prefeitos, vereadores).
Todos sustentados pelo povo que paga tributos que tem como único fim, o pagamento dos privilégios do poder.
E ainda somos obrigados a votar. Democracia isso? Pense nisso!
O famoso jeitinho brasileiro.
Na minha opinião um dos maiores responsáveis pelo caos que se tornou a política brasileira. Brasileiro se acha malandro, muito esperto. Faz um ‘gato’ puxando a TV a cabo do vizinho e acha que está botando pra quebrar.
No outro dia o caixa da padaria erra no troco e devolve 6 reais a mais, caramba, silenciosamente ele sai de lá com a felicidade de ter ganhado na loto… malandrões, esquecem que pagam a maior taxa de juros do planeta e o retorno é zero.
Zero saúde, zero emprego, zero educação, mas e daí? Afinal somos penta campeões do mundo né?
Grande coisa…
O Brasil é o país do futuro.
Caramba , meu avô dizia isso em 1950.
Muitas vezes cheguei a imaginar em como seria a indignação e revolta dos meus avôs se ainda estivessem vivos. Dessa vergonha eles se safaram…
Brasil, o país do futuro!? Hoje o futuro chegou e tivemos uma das piores taxas de crescimento do mundo
Deus é brasileiro.
Puxa, essa eu não vou nem comentar… O que me deixa mais triste e inconformado é ver todos os dias nos jornais a manchete da vitória do governo mais sujo já visto em toda a história brasileira. Para finalizar tiro minha conclusão:
O brasileiro merece!
Como diz o ditado popular, é igual mulher de malandro, gosta de apanhar. Se você não é como o exemplo de brasileiro citado nesse artigo, meus sentimentos amigo, continue fazendo sua parte, e que um dia pessoas de bem assumam o controle do país novamente. Aí sim, teremos todas as chances de ser a maior potência do planeta. Afinal aqui não tem terremoto, tsunami nem furacão. Temos petróleo, álcool, bio-diesel, e sem dúvida nenhuma o mais importante: Água doce!
Só falta boa vontade, será que é tão difícil assim?