sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Here we go

"(...)Um pouco triste reconhecer: não tenho mais me surpreendido com nada. Mas aí você pergunta se pode dar um tempo segurando minha mão, como naquela música velha, qual?, aquela dos Beatles, você diz. E fica ali mensurando meus dedos, querendo saber significados de aneis, alisando palmas com o indicador, se fazendo de bobo como se soubesse ler nelas minha vontade de te ver amanhã, de novo - e eu vertendo um medo gelado e patético pelos poros. Odeio você quando tem de repente essas atitudes estúpidas e bonitinhas e diferentes dos outros. Eu me sentia bem melhor sem esperar nada da tela colorida do meu telefone. Aliás, ficou chato te dar o número errado, de propósito, é que faz parte do meu show.

Me conheço, se entrego tudo logo de cara, desenvolvo aqueles sintomas clássicos: os ruídos no estômago vazio esperando pra ver se vai mesmo ligar, em quanto tempo, se doze horas ou treze dias depois, e o que essa quantidade de tempo pode querer me dizer. Doida, eu sei, mas não é só isso. Tem também a versão psicótica de mim mesma imaginando o depois da ligação, que filme você vai sugerir no primeiro encontro, a primeira transa, como a gente vai engatar o tal relacionamento, em que partes do corpo sente cócegas, o que você vai achar do tamanho dos meus seios e da minha mania de comer presunto com mel. Quando vejo, lá vou eu, estou vivendo antecipadamente todo o enredo das coisas, sem deixar nada de bom pra realmente acontecer, facilitando o desencanto."

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

An ocean

I didn’t want my picture taken because I was going to cry. I didn’t know why I was going to cry, but I knew that if anybody spoke to me or looked at me too closely the tears would fly out of my eyes and the sobs would fly out of my throat and I’d cry for a week. I could feel the tears brimming and sloshing in me like water in a glass that is unsteady and too full.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Sem humildade

Por mais arrogante ou ousado que possa parecer da minha parte dizer isso, eu me senti exatamente como a Natalie Portman em Cisne Negro. Eu alcancei meu objetivo. Mesmo que essa dança tenha sido masoquista, mesmo que cada ensaio tenha sido extremamente doloroso, mesmo que por um breve momento: eu fui perfeita. Ainda assim, o eu que eu não era - só fui, por frações de segundos - não surtiu os resultados esperados. Mas quem espera algum resultado quando o objetivo é apenas se vencer? Eu consegui, com honras e méritos. Com direito a me auto-parabenizar todas as manhãs e morrer em paz. Quanto às peças teatrais? Novas virão. Para continuar com o prêmio de melhor atriz, só preciso continuar usando o melhor de mim, como já exposto por uma amiga: ser racional, persuasiva e diabolicamente esperta. Que abram-se as cortinas.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

E viveram felizes para sempre


Agora somos só eu, meus discos velhos e o cheiro da noite. Eu sei que devia ir a passos lentos, não tenho condicionamento físico e emocional que bastem para correr lado a lado com o meu desejo de mudança. Mas é que olhei uns textos velhos, um conjunto de fotografias em preto e branco. Não há mais nada. Não lembro dos dias doces. Só leio aquilo que você era pra mim e me sinto idiota. E me sinto perdida e me sinto exausta e me sinto leve e livre. E sensível. Como se eu soubesse do que estava por vir antes mesmo que viesse qualquer indício de um fim. Onze dias antes eu temi um dia acertar. Onze dias. Depois eu não quis perder você. Um dia depois você me perdeu, e não o contrário. Um dia depois eu me dei por conta de como foi generoso da sua parte ter me deixado ir. Sabe aquele pássaro que a Sylvia Plath falava e que eu li pra você naquele dia que chegou lá em casa à tarde? Então, o mesmo pássaro que batia fortemente as asas aqui dentro, finalmente saiu. E dessa vez, de verdade, eu estou em paz. Com crises de "como eu pude tentar tanto?", com a certeza de que eu não merecia ter suportado o que suportei. Com a convicção que citei uma vez, também por sua causa, ser a própria reencarnação de Adolf Hitler e estar pagando todos os seus pecados. Já paguei. Já doeu o que tinha de doer. Já foi a história mais masoquista e doente que eu vi na vida.  Passou.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

One by one

Trilha sonora

De repente, era tanto amor que a vida começou a parecer comédia romântica americana. Um casal, sem intenções de se apaixonar, acaba passando tanto tempo junto que quando nota já tem uma música melosa servindo de trilha sonora pra cada vez que um pensa no outro. Eles vão e acabam tudo. Porque a mulher instável e o mocinho que não pensa no futuro decidem não mais precisar de se precisar. Cada um toma seu rumo e, de repente, aquela música vai tocar de novo. Então eles vão ver que se amam. Um vai estar na Austrália e o outro em Tókio, mas sempre haverá aquele reencontro em Nova York e aquela música de fundo e aqueles olhos de emoção. Enchendo o coração de milhões de pessoas de ilusão acerca de as coisas darem certo, que basta tocar a música, que basta uma ligação e um "eu te amo". E assim a vida parece fácil. Você vai encontrar uma pessoa sem maiores intenções e com o tempo vocês vão viver uma porção de coisas bonitinhas e vão brigar, vão sofrer juntas, vão odiar uma a outra nem que seja só por um dia, e, no fim das contas, vai haver uma música embalando todo esse romance sem comédia... mas a música não vai adiantar. Vai doer do mesmo jeito e ele não vai pegar um avião para ir te ver. Você vai torcer pra que não pegue sequer o celular e te mande um sms na madrugada, porque vai ser mais fácil assim. E as coisas são simples, só depende de você: basta substituir aquela música por outra mais animadinha, mudar o toque do celular ou as combinações de look que você usava quando saiam juntos. Toque sua vida pra frente, é simples. Não é como nos filmes que haverão dias de choro, até podem haver, contudo sem a necessidade de mudanças de casa, viagens extraordinárias e um guarda-roupa inteiro novo pra conseguir deixar a pra trás aqueles momentos vividos com o outro alguém. Pode ser que você precise mudar o número de celular. E aquele número dele que você sabe de cor? Tem dois meses pra esquecer. Quando não se tornar mais uma constante, aquele número, vai ser fácil esquecer também. Quando você lembrar da pessoa, é só substituir aquela musiquinha bonitinha por um rock progressivo e pensar em todas as vezes que ela te fez sofrer. Assim você vai ter a certeza de como é solucionador acabar um relacionamento. De como, com o tempo, tudo se cura e tudo se sai. Por mais difícil que possa parecer na primeira noite. Pessoas são substituíveis, sim. Até porque, querida, se deu errado com alguém, você não deve procurar outra pessoa como aquela, e sim alguém que corresponda às suas expectativas. Ou melhor, você não deve procurar ninguém. Deixa aparecer sem procura. Aparece. Rápido, além de tudo. E, de repente, num dia qualquer, talvez não tão distante: você vai estar jantando fora com o novo protagonista da sua comédia romântica e vai tocar aquela música que foi trilha sonora da anterior. Mas você não vai sentir o coração apertar de saudade, vai sentir o coração apertar com a volta do amor ao peito. É que o amor, meu amor, nada mais é que um rádio ligado no máximo e a vontade de viver uma história de filme.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

I can't stand

Then love, love will tear us apart again.