quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Tonight, we could be as one.

"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. 
Como não sou judeu, não me incomodei. 
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. 
Como não sou comunista, não me incomodei . 
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. 
Como não sou católico, não me incomodei. 
No quarto dia, vieram e me levaram; 
já não havia mais ninguém para reclamar."

Martin Niemöller, 1933, símbolo da resistência aos nazistas. 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

No hopes, no fears, no feelings, no disappointments

Eu não estou gritando felicidade. Continuo tranqüila, é o suficiente, por hora. Enquanto eu organizava minhas coisas e via a minha casa se tornar um lar mais uma vez, pensei que talvez alguns sentimentos negativos viessem me invadir. Policiei-me, consegui controlar. Depois bateu uma agonia, como se eu estivesse mentindo para mim mesma para parecer segura. E eu vi o quanto honrável seria esta conduta, por mais que não pareça tão eficaz a um primeiro ver. Eu quero estar segura, eu quero manter a minha paz, eu tenho conseguido. Continua sendo estranho. Sempre foi, é de mim. Cada canto da casa me trazia uma lembrança e eu me senti pouco humana, por estar reagindo tão friamente a tudo. Eis que surge outra raiz pro meu problema: eu queria me sentir culpada, eu queria sentir que posso fazer algo para mudar ou para trazer aquela agitação volta, mas não é o que eu quero de fato, só dá essa vontade de ser mais normal vez ou outra e me dói não ter a quem culpar. Não culpo nem a você, que tanto me fez mal. Tem feito sentido. Embora minha indiferença tenha me feito refletir e me sentir esquisita, vez ou outra. Pensei que fosse mais emotiva. Minha melancolia (ou masoquismo, se prefererir) me obrigou a tentar ser humana. Borrifei aquele perfume, coloquei os livros na mesma ordem, o mesmo edredom sobre a cama, reli todos os lembretes que não via desde aquele dia e até enchi as garrafas da cozinha. O que me doeu foi saber que superei. Que eu posso fazer sozinha. Por que eu não sou igual ao resto do mundo, que a essa altura do campeonato estaria chorando na cama, abraçada ao travesseiro? Sinto como se eu fosse uma fraude, às vezes. Sem alterações, sem taquicardia, sem descompassos na respiração. Eu sou a mesma depois que cheguei. Como se o último ano tivesse passado por mim sem deixar nenhuma marca sequer, como se tivesse sido há muito tempo atrás, tanto que nem dá pra lembrar onde são as cicatrizes, mesmo voltando ao lugar dos cortes. Eu estou em casa, afinal. Por que deveria doer neste outro aspecto? Por que eu já tenho imunidade a todos os meus CDs que outrora foram proibidos de tocar no som? Porque eu não presto. E gosto disso. Porque eu sou a mulher mais “macho” que conheço e nada me abala, a não ser que eu queira. Quero ter do que reclamar. Mas eu estou anestesiada, entorpecida. Quero voar para algum lugar que não sei qual. O velho e o novo. O ontem e o amanhã. Eu quero que seja diferente, que seja imprevisível, ser surpreendida. Essa monotonia me cansa. Eu quero ter motivos pra sofrer ou sorrir. Tarde demais, Vanessa. É hora de aceitar quem se é. E a única coisa pela qual eu realmente sinto,  é por não sentir.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Os rótulos

"O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a imagem de um vidro mole que fazia uma volta atrás de casa. Passou um homem depois e disse: Essa volta que o rio faz por trás de sua casa se chama enseada. Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que fazia uma volta atrás de casa. Era uma enseada. Acho que o nome empobreceu a imagem."

Diálogo de cafeteria

- Você tem a mesma importância do açúcar do meu café.
- Por que eu te adoço?
- Não, porque eu dispenso.
- Amarga.
- E forte.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Com todo o amor do mundo

Há exatos dezenove aninhos atrás, o Rio de Janeiro amanheceu mais bonito. E como a vida é cheia de surpresas e vez ou outra gosta de brincar com a gente, treze anos depois daquele dia, o pontinho bonito do Rio chegou à Paraíba. Foi aí que eu tive a sorte de ganhar um dos maiores e melhores presentes da minha vida. E, acima de tudo, foi aí que eu vi que realmente é verdade aquilo que as pessoas falam,  de que a gente reconhece alguém que vai ser importante na vida da gente logo de cara. Meio que um amor à primeira vista. Por mais calado, recatado e diferente de mim que você fosse, eu sabia que a gente ia se dar bem por muito tempo. Vê só como eu acerto, vez ou outra? Hoje é o quinto aniversário que eu tenho o prazer de passar pertinho de você. Uma pessoa que, com o tempo, ganhou não só o meu carinho, mas o meu respeito, minha confiança, meu cuidado e minha mania de querer sempre por perto. E eu me sinto não só como sua amiga, mas como sua irmã, de verdade. Talvez por estar diante a você completamente livre de armaduras, posto que tu me conheces como a pão das tuas mãos e seria vão tentar esconder algo. Também como sua filha, quando lembro quantas vezes foi o seu puxão de orelha que me livrou de fazer besteira ou me provou que é bom ouvir a opinião de alguém que quer o nosso bem antes de tomar alguma atitude drástica. Um pouco que sua mãe, que tenta proteger o filho acima de qualquer coisa e que se entristece ao ver sua tristeza, ao passo que a felicidade daquele se torna tão importante quanto a sua própria. E me sinto, como você costuma dizer, sua menina também. Que te estressa, que não te dá um segundinho sequer de paz, que morre de saudades se passar dois dias sem te ver e que precisa de você com uma intensidade gritante. Por essas e outras eu agradeço por ter você. Agradeço por ter a sorte de ter te conhecido e mais ainda pela sorte de ser sua amiga. E mesmo você sendo um chato e eu sendo uma chata mais chata ainda, acho que nossa chatice se entende tão bem quanto nós. Obrigada pelo terraço, pelas broncas, pelos risos, por me defender, por odiar os meus odiados, por querer matar todo mundo que me faz mal, pelos abraços, conselhos e pelo ombro amigo que você nunca me negou. Parabéns pelo seu dia e por ser uma pessoa tão duplamente linda como é. Meu gato sexy sensual totalmente hot e lindo e sedutor, que me provou que mesmo sendo uma alma perdida, eu sou capaz de não ter segundas intenções com o único homem perfeito do mundo. hahaha Nunca esqueça que estou aqui e da nossa musiquinha sucesso, fechado? Amo você, parça dos parças. Feliz aniversário! E um abraço do tamanho de bem grande.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Por favor, como se nunca tivesse existido.Imploro-te.

E então você reaparece, mais uma vez. Eu, silenciosa e calma, penso: será que ele é tão pouco inteligente assim? Dá vontade de rir, mas do tragicômico, não que seja tão engraçado. Pelo contrário, se botar a mão na consciência e for refletir sobre tudo  o que você significou para mim e como você destruiu tudo isso, dá vontade de correr, fugir, voltar à estaca zero, qualquer coisa: menos ter você de volta na minha vida ou sorrir. Claro que vai continuar doendo. Pra ser bem sincera, eu ainda espero que doa muito em você. Ainda torço pra você abraçar o travesseiro em todas as noites de insônia e refletir sobre que merda você fez da sua vida. E de nós. Daquele mesmo falso nós. Desprenda-se, mas aos poucos, de uma maneira masoquista, deixe cada parte de mim sair de você aos poucos, enquanto você chora, enquanto você morre de tanto arrependimento.  Enquanto eu toco minha vida pra frente exatamente da maneira que eu deveria ter feito anteriormente e só agora tive coragem. Ou motivos. E desta vez os tenho de sobra, por isso você se tornou só uma parte feia do meu passado, uma parte triste. Como uma roupa velha que me traga más recordações. Ninguém guarda uma roupa que não sirva mais, ao menos que esta a encha de pensamentos bonitos. O que é justamente o contrário de você. Então, suma! Esqueça que eu existo e que um dia eu sequer sorri pra você. Sofra, mas não reclame. Não em voz alta. Não se não quiser ser vítima de riso, do meu riso e do de todo mundo que me avisou que você era encrenca, que você era um erro. Não daquele erro bom, que dá vontade de repetir. Mas daqueles erros que a gente se arrepende do dia que nasceu. Realmente te perdoei. Todavia, é um perdão diferente. É um perdão com o pé atrás. Perdoei-te até o momento que você reaparece e acha que as coisas são assim. E odeio essa sua convicção duvidosa. E odeio  até mesmo o timbre da tua voz que tanto me agradava outrora. Por isso, repito, espero que pela última vez: esqueça. Mas sofra. Não preciso saber do seu sofrimento, pode sofrer calado. Já me basta saber que sou maior que isso. 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Love kills. More than once!

Do meu próprio anti-heroísmo

"Eu adoraria dizer que a vida é cheia de encontros, de papos legais e agradáveis, entre outras possibilidades românticas, mas não é. Não há consolo, apenas esperas e incertezas e corações esburacados. A vida não é feita de campos de morangos para sempre, como aquela dos Beatles. Ela é feita, em sua imensa maioria, de cretinos de carteirinha e clubes de risadas mórbidas. Você não precisa andar muito pra achar um. No meu caso é só ajeitar o penteado no retrovisor."

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Onde upon a time

Último dia do primeiro mês. Se eu utilizar de todo o eufemismo do mundo, sou capaz de dizer que hoje é o dia de fechar pra balanço. Refletir. Ponderar as coisas e ser sincera comigo mesma. O que eu consegui até agora? Algumas certezas, muitas cicatrizes. Mas se cicatrizou, ficou pra trás, então não preciso me preocupar. Essas certezas incertas me incomodam lá no fundo como uma agonia leve num lugar que não consigo tocar. E é bem por aí, isso de ainda ser uma zona meio que intocável. Pode dizer que é medo, você não estará mentindo. É como se essa cicatriz em especial ainda doesse. Talvez não pelo que machucou em si, e sim pela lembrança de ter doído por tanto tempo. Como um corte que ardia na hora do banho, que sempre que ligar o chuveiro vou ter aquele medo de arder de novo, vou proteger aquele lugar. Passou. Ainda incomoda pensar. Por isso evito. Meio que tenho aquela sensação de estar sendo cronometrada. De não ter mais tanto tempo assim para ser indiferente. E justamente por isso eu estou cobrando isso de mim hoje: estou cobrando de mim a permissão para lembrar. Só lembrando eu vou saber até onde posso agüentar e o que eu preciso mudar, se é que eu preciso, e o que eu preciso fazer pra que essa mudança chegue logo. Já chegou tanta, é tão bom saber disso. É tão bom saber que já desatei quase todos os falsos nós que me prendiam àquele falso “nós”. Um plural que talvez nunca tenha existido. Não falo criticando-lhe, falo por mim também. Não sei até onde o que eu pensei sentir era a vontade de sentir. Não sei se senti de verdade. Sei que doeu, isso eu sei. Sei que erramos, eu, você. Eu sempre fui mulher demais pra você e você menino demais pra mim. A partir daí é que as inversões contínuas de papéis começaram a surgir. Eu quis brincar, quis jogar teu jogo, quis mudar você como quem muda um desenho feito em grafite. Até que aquela marquinha leve poderia ficar por baixo, não precisava ser perfeito, contanto que eu conseguisse desenhar em cima o que eu queria viver. E não vivi. Não vivi um romance digno de filme. Mas vivi uma história real e completamente imperfeita. Eu já te perdoei.  Entendo que você não sabia que eu seria um problema tão grande, mesmo eu tendo avisado, sempre fui problema, principalmente pra caras como você, acostumados a lidar com bonequinhas manipuláveis. Sabe, eu me assusto comigo às vezes. Não bem comigo, não sou de tudo má. Só me assusto com o que eu sou capaz de fazer pra me sentir segura. Até o demônio duvida, meu bem, não te julgo por ter acreditado em mim. Minhas meias verdades eram – em sua maioria – verdadeiras, não fingi o tempo todo. Às vezes penso que queria saber de você, mas não quero. Não adianta mais de nada. Seria como pegar um estilete e voltar àquela cicatriz, não é isso que eu quero, esse foi exatamente o meu maior erro, o único que eu me arrependo. Mas já foi feito. E eu consegui seguir adiante. Nem sei mais o que eu queria, se era uma auto-análise ou um recado pra você. Se tivéssemos sido adultos eu não estaria assim, perdendo meu tempo com isso agora. Não fomos e isso não muda. Eu te perdi pra sempre. Ou melhor, você me perdeu pra sempre. Você chegou naquele estágio em que eu só vou lhe ver passar na rua e definir involuntariamente em uma palavra: canalha. Continuo sorrindo, desta vez, com sinceridade. Meus dias bonitos chegaram e outros vão chegar. Desta vez, com a sinceridade que faltou outrora.