domingo, 14 de julho de 2013

Da bagunça

Então eu acordo, olho ao redor da casa, percebo que tudo voltou a ser o que era outrora, uma bagunça. Até pior. Em todos os sentidos, por dentro, por fora... É tanta garrafa de vinho vazia, tanto roupa jogada no canto do quarto, tanta dor-de-cabeça e vontade de não estar mais ali. E percebo que tudo que eu queria, eram cinco minutinhos de paz. Nem que fossem no momento em que eu acordo, antes de lembrar do transtorno miserável que eu ocasionei à minha vida. Dói, sabe? Saber que não tenho direito nem a isso. A não desfrutar da tranquilidade de uma cabeça vazia. Dá até inveja. De qualquer um. Do mais feliz, ao mais indiferente, de qualquer um que passe por mim na rua. Por saber que eu consegui juntar em mim uma quantidade de problemas digna do guiness book. Uma quantidade de tristeza que nunca imaginei que pudesse existir. E torço, toda hora, cada segundo, pra tudo se acertar. Ou pra tudo voltar ao normal. Um dia, só o que eu peço. Um dia onde eu me sinta leve, valorizada, normal, como qualquer outra pessoa tem o direito a se sentir e se sente. Só isso. 

terça-feira, 9 de julho de 2013

Do que eu não sei controlar

É de uma dor que até a página em branco me apavora. A dor de não saber ou poder expressar, de temer a incompreensão, de derrubar o dominó que consegue levar uma muralha abaixo. Um sentimento que preenche e esvazia ao mesmo tempo, e, achando insuficiente, ainda preenche com doses amargas de incerteza. Revezando entre medo e amor. Mas faz tudo pulsar, sendo contraditório a cada segundo, misturando as lágrimas de alegria às de tristeza, numa espécie de esperança mórbida e doentia. Como se eu ansiasse por uma infelicidade que eu mesmo levanto pra buscar, que eu faço questão de possuir, ainda quando tudo que quero e busco é a calmaria que me foi furtada... e nem sei quando. Tampouco como. No desespero de tentar me salvar dessa onda forte que me derrubou e desnorteou, as águas do meu oceano privado nunca foram tão escuras, nem as noites tão gélidas. O desespero me entorpece, de modo que não nado, mantenho-me inerte, fico a observar se algo muda ao meu redor e se, misteriosa e milagrosamente, eu alcanço a superfície domada pela segurança que um dia senti em mim mesma. Foi junto da calma. Agora, sem ter ao que ou a quem recorrer, com o coração espremido na palma da minha própria mão, fico perdida dentro desse masoquismo de imaginar como seria se eu tivesse coragem de testar atalhos na minha estrada. Tenho tanto medo de errar a direção que fico onde estou, observando de longe, como se eu fosse duas, minha outra metade caminhar para o abismo que mais consegue me fascinar.