sábado, 26 de julho de 2014

Grandpa. Endless love.


Falam. Mesmo sem saber, ainda assim. Não me surpreendo, nunca foi diferente. Pelo contrário. Mas não condiz em absolutamente nada. Querer estar perto e poder estar perto, infelizmente, não são ações que sempre podem estar interligadas. Mas estou perto, ainda sem estar. Ainda quando não pareço estar. Posso até dificilmente parecer, mas eu sempre me importo. Costumo até mesmo dizer que é uma das minhas melhores qualidades, o que mais me faz humana, o se importar. Especialmente assim, em demasia. E se pareço não me preocupar, eu me desculpo. Não sou boa em deixar as palavras saírem, a voz corta, a fala treme. Mas o amor que eu sinto não é em nada abalado, não é em nada pequeno. Nunca sequer chegou a oscilar. É maior e indiscutível. Sempre me lembra o céu. Assim como os seus olhos. O azul mais lindo de todos. Nem o céu da manhã mais bonita terá um azul tão intenso quanto o dos teus olhos. E te amo. Até quando não parece. Perdoa por eu não deixar parecer.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Love songs

Era tudo canção. Começava numa melodia doce, que condizia com aqueles passinhos apressados da moça, mesmo sabendo que ainda era cedo e que sua pressa de nada adiantava. E era tudo doçura. Como um clássico da bossa nova que deveria ter existido e não existiu porque ninguém presenciou aquele momento. Como se nunca houvesse havido um verdadeiro bom filme, já que nenhum narrava aquela história. Acho que a doçura se dava justamente pela simplicidade da situação. Em poucos minutos já havia chegado a seu destino. Sentou ali, seu vestido florido nos joelhos, conferindo o relógio a cada dois minutos e agora a bossa nova era substituída por um solo de rock clássico, daqueles extensos e sublimes, e a música parou no exato momento em que botou os olhos no rapaz. Com as mãos geladas e o coração batendo mais forte que qualquer bateria, ela não saberia dizer a expressão facial que lhe dominava. Ela riria se a visse quase correndo para cair naquele abraço. De repente a melodia doce voltava e era tudo amor. Cada detalhe era amor. Cada detalhe era canção. Todas, de todos os tipos. Da orquestra sinfônica ao violão à beira mar. Do maior dos bregas ao mais pesado rock’n roll. E aquele abraço... Qualquer um que passasse na rua e visse aquele abraço iria sentir inveja de não ter um amor assim. Um que enche a cidade de som e de cor. De repente era tudo verde, o céu mais azul, as flores do vestido pareciam se multiplicar, era como se todos os dias fossem uma manhã de domingo. E foi feliz como nunca pensou que seria. A cada reencontro era feliz como nunca havia pensado que seria. Sairam de mãos dadas e cada instante parecia ensaiado. Como uma coreografia outrora planejada. Confesso que eu, amarga que sou, por um tempo fiquei observando de longe e pensando que aquilo não tinha como ser real, se até eu ouvia a música. Se até eu tinha vontade de levantar e dançar também. Meu devaneio foi interrompido pelo toque do meu celular. Era ele. Queria avisar que fez boa viagem. Dei um riso solto quando percebi que o que via não passava de uma lembrança daquele encontro, que a menina de vestido era eu, que o rapaz do outro lado da linha era o que fazia cada palavra virar poema e que eu ainda não havia ido embora desde que falei aquele “volte logo”. Mais que um convite, uma súplica, mais que uma súplica, a letra da música que não para de tocar aqui dentro.